As queixas que deram origem à greve dos caminhoneiros em 2018 – preço do combustível, tabela de fretes e aposentadoria – permanecem pertinentes e, com a explosão do valor do diesel, a insatisfação da categoria aumenta proporcionalmente.

Segundo Jair do Amaral, professor da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará (UFC), “todas as soluções paliativas, como congelamento do ICMS, bolsa caminhoneiro, congelamento de preços dos combustíveis, etc. não conseguirão trazer solução satisfatória”. Isso porque, desde 2018, não houveram ações suficientes para remodelar o sistema que estrutura o preço dos combustíveis no Brasil – ações estas que levam tempo.

Frente à ameaça de greve no dia 1º de novembro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) propôs, no dia 21/10, o auxílio diesel, no valor de R$400,00. Entretanto, a promessa não agradou a categoria. Organizações como a Abrava e CNTTL emitiram notas repudiando a ajuda.

“Não queremos esmolas. Buscamos estabilidade dos valores dos combustíveis. Com mudanças na política de preços da Petrobras. Assim como a aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição. Também queremos que a Lei nº 13.703/2008 do piso mínimo de frete seja cumprida. Mas, acima de tudo queremos respeito” – Wallace Landim, presidente da Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores)

Com a economia do país diretamente ligada à atividade rodoviária, a paralisação iminente gera tensão, principalmente pela lembrança do efeito dominó sofrido em 2018.