O principal fator que diferencia os pesados do Brasil e dos Estados Unidos não é o “estilo” dos caminhoneiros: é a legislação de cada país.

Cara-chata x Bicudos

No Brasil, o tamanho total do veículo leva em consideração a distância de pára-choque a pára-choque e, com a popularização dos bi-trem e rodotrem, a preferência pelas cabines “cara-chata” prevaleceu.

Como todos os fabricantes nacionais possuem base na Europa, o Brasil também sofre interferência de legislações europeias, como o tamanho máximo da cabine, por exemplo. Desde 2020, o limite passou a ser 3,2m – um aumento de 90cm – desde que 30 cm estejam reservados à zona de segurança.

DAF XF – Primeiro modelo lançado após a atualização do limite de tamanho da cabine no Brasil

Já os caminhões americanos, que não estão sujeitos às mesmas leis, possuem cabines bem maiores. Além de não sofrerem as limitações do Brasil, os estadunidenses possuem legislação rígida sobre a jornada de trabalho dos caminhoneiros, exigindo pausas a cada 11 horas dirigidas e folgas a cada 70 horas semanais. Por isso, os caminhões costumam ser bicudos e com espaço para dormitório maior, permitindo que o motorista tenha geladeira, microondas, cafeteira e demais utensílios.

Caminhão americano Peterbilt 579

Levando em consideração o modelo americano, existe um impasse em relação às exigências europeias para que o Brasil possa garantir maior segurança e qualidade de vida aos motoristas de caminhão – o que abre espaço para montadoras nacionais ou americanas tomarem os holofotes do mercado brasileiro.